HORIZONTE DE EVENTOS - EPISÓDIO 56 - GIRO DE NOTÍCIAS - IA PARA RASTREAR OVNIS, AURORAS NAS LUAS DE JÚPITER E MUITO MAIS
Muito bom dia, boa tarde e boa noite queridos ouvintes, meu nome é Sérgio Sacani, sou editor do blog Space Today e do canal Space Today no Youtube e trago para vocês mais uma edição do podcast Horizonte de Eventos.
E no programa de hoje, vamos trazer uma rodada de notícias para vocês sobre o que tem acontecido no nosso universo. Vamos começar falando sobre a luz oculta do Sol, isso mesmo, você sabia que existe um tipo de luz que só determinados instrumentos podem ver, e é sobre isso que vamos falar com vocês, vamos falar também de uma startup de Inteligência Artificial que usa imagens de satélites para rastrear veículos aéreos, inclusive usou para rastrear o famoso balão chinês que cruzou os céus dos EUA no dia 4 de fevereiro de 2023, vamos falar sobre um novo tipo de aurora que os astrônomos descobriram nas 4 maiores lua de Júpiter usando um dos maiores telescópios na Terra, o Keck e vamos terminar falando sobre uma pesquisa que encontrou pegadas de uma migração em massa de estrelas na galáxia de Andrômeda.
Se prepare pois chegou a hora da ciência invadir o seu cérebro.
Telescópio NUSTAR da NASA pode ajudar a responder sobre o grande mistério do aquecimento da coroa solar.
A primeira notícia de hoje é sobre um telescópio espacial da NASA especializado em observar o universo usando Raios-X, seu nome é NUSTAR e ele foi apontado para o Sol.
Mesmo em um dia ensolarado nós não conseguimos ver toda a luz que é emitida pela nossa estrela mais próxima, o Sol.
Como toda estrela o Sol emite luz, ou seja, radiação em todos os comprimentos de onda do espectro eletromagnético, e dependendo da maneira como observamos nossa estrela, usando esses diferentes comprimentos de onda podemos ver características distintas e interessantes.
E foi isso que os astrônomos fizeram, apontaram o NUSTAR, que normalmente é usado para estudar fenômenos do universo mais distante para o Sol.
Como o campo de visão do NUSTAR é pequeno, para observar o Sol completamente foram necessárias 25 imagens e as observações foram feitas em junho de 2022.
O NUSTAR tem uma característica importante ele foi feito para detectar os raios-X de alta energia.
Mas a pergunta é, por que os astrônomos iriam usar um equipamento que foi feito para ver fenômenos do universo como buracos negros, colisão de estrelas e outros eventos muito energéticos para observar o Sol?
Isso foi feito, pois o Sol tem um grande mistério, o Sol possui uma atmosfera externa, chamada de coroa solar, que está longe do Sol e que intuitivamente teria que ter uma temperatura menor do que por exemplo a superfície do Sol, porém essa coroa possui uma temperatura que chega na casa de 1 milhão de graus, ou seja, 100 vezes mais quente que a superfície do Sol.
O que causa esse efeito que é chamado de aquecimento da coroa? Esse é um dos grandes mistérios da astronomia, e na ideia dos astrônomos observar o Sol em diferentes comprimentos de onda, por exemplo, em raios-X poderia ajudar a responder a essa questão.
Os astrônomos desconfiam que a fonte do aquecimento da coroa do Sol podem ser pequenas erupções que ocorrem na sua atmosfera e que são chamadas de nanoflares.
Flares solares são grandes explosões de calor, luz e partículas visíveis e que são observadas por uma grande gama de observatórios.
Já as nanoflares seriam eventos muitos menores.
As flares produzem material com temperatura muito mais quente que a da coroa, mas o problema é que as flares não ocorrem de uma forma regular a ponto de manter a coroa solar aquecida o tempo todo.
Mas já as nanoflares podem ocorrer com essa frequência suficiente para aquecer de forma completa a coroa solar.
O problema, é que as nanoflares são praticamente impossíveis de serem observadas, mas não em raios-X, e é aí que entra o NUSTAR, o telescópio pode detectar a luz do material de alta temperatura que é produzido não quando uma nanoflare ocorre no Sol mas sim quando um conjunto de nanoflares entram em erupção.
Com as observações feitas pelo NUSTAR os físicos podem então investigar a frequência com que elas ocorrem e como elas liberam energia.
As observações do NUSTAR feitas em 2022 coincidiram com a passagem da sonda Parker Solar Probe perto do Sol, essa sonda foi lançada com o objetivo também de responder a essa grande pergunta, ou seja, o que causa o aquecimento da coroa solar.
Assim, os astrônomos possuem um conjunto de dados bem interessante, observações feitas em raios-X mostrando as nanoflares e observações feitas bem perto do Sol usando a Parker Solar Probe, cada um dos instrumentos funcionando em suas especificidades e ao integrar os dados obtidos por ambos os equipamentos os astrônomos poderão tentar resolver finalmente esse grande mistério sobre a nossa estrela.
Fonte:
https://www.nasa.gov/feature/jpl/nasa-s-nustar-telescope-reveals-hidden-light-shows-on-the-sun
Startup de Inteligência Artificial Desenvolve Algoritmo Capaz de Rastrear Objetos Voadores Não Identificados Até Sua Origem
No dia 4 de fevereiro de 2023 um balão espião chinês foi abatido na costa do estado norte-americano da Carolina do Sul, e isso causou uma grande confusão em todo os EUA.
Mas no meio dessa confusão, alguns tentaram aproveitar a oportunidade para mostrar os seus serviços.
Uma dessas foi a startup de Inteligência Artificial conhecida como Synthetaic.
Essa empresa usou dados de imagens feitos pelos satélites de uma outra empresa a Planet Labs e com isso conseguiu retroceder a trajetória do balão chinês e mostrar como foi a sua viagem pelos céus norte-americanos.
O fundador da empresa Corey Jaskolski disse que essa é uma nova maneira de usar imagens comerciais de satélites para rastrear veículos aéreos que podem não ser identificados num primeiro momento por radares ou por observadores em Terra.
É também uma outra maneira de explorar dados de código aberto para confirmar de forma independente de onde veio o balão chinês ou outros objetos.
O mapa montado sobrepõe os avistamentos e todos os relatórios de mídia social de onde o balão estava.
Com a ajuda de uma ferramenta de reconhecimento de imagem baseada em inteligência artificial, Jaskolski encontrou em 11 de fevereiro o balão nos dados do satélite da Planet Labs com relativa rapidez.
Ele viu o balão pela primeira vez nos dados de satélite sobre o Atlântico cerca de duas horas antes de um caça da Força Aérea derrubá-lo em 4 de fevereiro de 2023.
O rastreio feito pelo algoritmo teve um total de 4 acertos encontrando o balão duas vezes na Carolina do Sul, uma vez no Missouri e uma vez no Canadá.
O algoritmo conseguiu fazer medições dos pixel e validar que o balão tinha 148 pés de diâmetro e voava a uma altura de 58 mil pés.
Depois dos cálculos realizados os especialistas da startup sabiam com certeza que era o balão.
E assim que o balão foi encontrado ele tinham uma assinatura que poderia ser usada então para rastrear o balão com a tecnologia RAIC.
RAIC é a ferramenta de Inteligência Artificial usada pela startup, que significa Rapid Automatic Image Categorization, ela é diferente da maior parte dos sistemas de IA, por que não precisa de modelos pré-treinados ou de uma extensa rotulagem de imagens, ela consegue analisar rapidamente dados de forma não supervisionada.
Toda IA desenvolvida até hoje tem fome de dados, disse o Jakolski, engenheiro do MIT que fundou a Synthetaic em 2019.
Alimentar a IA com dados rotulados de alta qualidade é caro e demorado, e é isso que impede aplicar a IA de maneira mais ampla e mais eficiente.
Em uma emergência de segurança nacional, passar meses rotulando dados não é realmente o que se precisa fazer.
A empresa já havia aplicado sua tecnologia anteriormente, ela trabalhou em conjunto com a organização sem fins lucrativos Climate TRACE para identificar e localizar operações concentradas de alimentação animal e junto também com a National Geographic para ajudar a rastrear espécies raras ameaçadas pela caça.
Esse sistema de IA criado pela empresa pode ser configurado para monitoramento diário, para rastrear qualquer objeto aéreo e o fundador da empresa disse que ele não conhece nenhum programa governamental que faça algo parecido.
No dia 16 de fevereiro a coisa ficou bem mais séria nos EUA, e o presidente Joe Biden ordenou que os militares abatessem 3 objetos voadores, para alguns foi cautela demais pois os objetos se mostraram inofensivos.
Será que eles eram ou não inofensivos, muito bem, nesse caso o sistema de rastreamento via IA poderia entrar em operação, rastrear os objetos até as suas origens e responder a essa questão..
Se foi lançado da sede de uma empresa, por exemplo, não representaria ameaça, se a empresa fosse de pesquisa, se fosse lançado de uma base militar poderia ser uma ameaça.
A ferramenta RAIC funciona muito bem com dados geoespaciais, com vídeo e com imagens em movimento e permite que se possa responder rapidamente a essas e outras perguntas sobre objetos voadores.
O incidente do balão, lógico que é o problema do momento, mas outras situação podem surgir para os quais o modelo de IA possa ser útil, e situações em que não se tem tempo de treinar especialistas.
A empresa Syntetaic ainda não traçou a trajetória completa do balão até a sua origem, eles estão executando o algoritmo em dados de imagens do Alasca e da Ásia, mas ainda falta um rastreamento para se saber de onde exatamente ele veio.
De acordo com militares norte-americanos a base do balão estava perto da costa sul da China, outros disseram que ele veio da China Central, e a China já admitiu que era deles o balão.
Com a aplicação da tecnologia RAIC em todos os dados espera-se descobrir exatamente de onde veio o balão chinês.
Fonte:
https://spacenews.com/ai-startup-using-satellite-imagery-to-trace-the-path-of-chinese-balloon/
Astrônomos Detectam Novas Auroras Nas 4 Maiores Luas de Júpiter
Usando um dos maiores telescópios em Terra, o WM Keck em Maunakea no Havaí, os astrônomos conseguiram descobrir que auroras em comprimentos de onda da luz visível aparecem em todas as 4 principais luas de Júpiter, Io, Europa, Ganimedes e Calisto.
Usando o espectrômetro conhecido como HIRES, bem como o espectrógrafos de alta resolução que ficam no Large Binocular Telescope e no Apache Point Observatory, os astrônomos observaram as luas na sombra de Júpiter de todo que suas fracas auroras que são causadas pelo forte campo magnético de Júpiter pudessem ser detectadas na luz solar refletida em suas superfícies.
Você já deve imaginar que essas observações são complicadas de serem feitas pois acontecem na sombra de Júpiter quando as luas estão quase invisíveis.
A luz emitida por suas tênues auroras é a única confirmação de que se apontou o telescópio para o local certo.
Todas as 4 luas galileanas mostraram a mesma aurora de oxigênio que se vê nos céus da Terra, mas o gases nas luas de Júpiter são muito mais finos, permitindo que a cor vermelha intensa brilhe quase 15 vezes mais do que a luz verde que é mais tradicional de ser observada na Terra.
Em Europa e Ganimedes, o oxigênio também ilumina os comprimentos de onda do infravermelho apenas um pouco mais vermelho que o olho humano é capaz de detectar, essa é a primeira ocorrência desse fenômeno observada na atmosfera de outro corpo que não seja a Terra.
Em Io, a lua mais próxima de Júpiter, as plumas vulcânicas de gás e poeira são vastas, atingindo centenas de quilômetros de altura.
Essas plumas contém sais como cloreto de ‘sódio e cloreto de potássio, que se decompõem para produzir cores adicionais.
O sódio, por exemplo dá a aurora de Io o mesmo brilho amarelo-alaranjado dos postes de luz urbanos na Terra.
As novas medições mostram aurora de potássio em Io na luz infravermelha que não foi detectada em outro lugar anteriormente.
O brilho das diferentes cores de auroras mostra do que são feitas as atmosferas dessas luas, uma coisa que as auroras mostraram é que o oxigênio molecular, assim como o que respiramos aqui na Terra, é provavelmente o principal constituinte das atmosferas congeladas das luas.
As novas medições mostraram evidências mínimas de água, alimentando o debate científico sobre as atmosferas das luas de Júpiter apresentarem uma quantidade significativa de vapor d’água.
Atualmente acredita-se que as 3 luas galileanas externas de Júpiter possuam oceanos de água líquida sob suas espessas camadas congeladas e há evidência provisória de que a água na atmosfera de Europa as vezes pode ser proveniente do seu oceano líquido abaixo da camada de gelo.
Como o forte campo magnético de Júpiter é inclinado, as auroras nessas luas mudam de brilho à medida que o planeta gira.
Além disso, as atmosferas podem responder à rápida transição da luz solar quente sobre a sombra fria de Júpiter.
O sódio de Io, por exemplo trona-se muito fraco 15 minutos depois de entrar na sombra de Júpiter, e leva horas para se recuperar depois que emerge da luz solar.
Essas novas características são realmente importantes para se entender como é a química atmosférica de io por exemplo.
Esses novos tipos de auroras nas quatro luas de Júpiter adicionam mais um aspecto interessante ao que já era ouro para os fãs do gigante Gasoso e de suas luas.
Nós aqui na Terra já ficamos abismados com as maravilhas das imagens feitas das auroras que aparecem na atmosfera do nosso planeta, imagina como seria observar essas auroras nas Luas de Júpiter, seria algo realmente impressionante.
Fonte:
https://keckobservatory.org/jupiter-moons-auroras/
Pegadas De Uma Migração Em Massa De Estrelas Na Galáxia de Andrômeda
Ao longo de bilhões de anos as galáxias crescem e evoluem formando novas estrelas e se fundindo com outras galáxias por meio de eventos chamados de imigração galáctica.
Os astrônomos tentam descobrir as histórias desses eventos de imigração estudando os movimentos das estrelas individuais por toda a galáxia, estudando o seu halo extenso e também a matéria escura.
Essa verdadeira arqueologia cósmica é complicada de ser feita e até agora só foi possível de ser executada na nossa própria galáxia.
Porém, os astrônomos continuam procurando em galáxias próximas e grandes e quem procura acha, então, uma equipe internacional de astr6onomos conseguiu descobrir evidências impressionantes de um grande evento de imigração galáctica na nossa grande vizinha, a Galáxia de Andr6omeda.
Isso só foi possível pois os astrônomos usaram o instrumento conhecido como Espectrógrafo de Energia Escura, localizado no telescópio Nicholas Mayall de 4 metros de diâmetro no Observatório de Kit Peak.
Ao medir os movimentos de quase 7500 estrelas no halo interno da galáxia de Andrômeda, os astrônomos descobriram padrões reveladores nas posições e movimentações das estrelas que revelaram como essas estrelas começaram suas vidas como parte d outra galáxia que se fundiu com Andrômeda, a cerca de 2 bilhões de anos atrás.
Embora tais padrões teriam sido previstos em teoria eles nunca tinham sido observados.
As observações revelaram evidências de imigração galáctica com detalhes impressionantes, e embora o céu noturno pareça algo imutável, galáxias como Andrômeda e a nossa foram construídas ao longo do tempo por blocos de muitas galáxias menores que foram consumidas.
Essa pesquisa lança luz não apneas na história de Andrômeda, mas também na história da nossa própria galáxia, a maior parte das estrelas do halo da Via Láctea foi formada em outra galáxia e depois migrou para a via Láctea através de um evento de fusão que ocorreu de 8 a 10 bilhões de anos atrás.
Estudar as relíquias desse evento mas mais recente e em outra galáxia dá aos astrônomos uma janela para analisar como foi um dos principais eventos que ocorreu no passado da Via Láctea.
Para poder rastrear a história da migração na galáxia de Andrômeda, os astrônomos usaram o instrumento conhecido como DESI, o espectrógrafo poderoso de energia escura, esse instrumento tem a capacidade de mapear dezenas de milhões de galáxias e quasares no universo próximo com o objetivo de se medir o efeito da energia escura na expansão do universo.
O DESI é considerado o mais poderoso espectrógrafo de pesquisa de multiobjetos do mundo capaz de medir o espectro de 100000 galáxias por noite.
Os astrônomos podem também usar o DESI para realizar observação de objetos mais próximos como a galáxia de Andrômeda.
Em apenas algumas horas de observação o DESI foi capaz de superar mais de uma década de espectroscopia realizada com outros instrumentos.
Mesmo usando um telescópio que já tem seus 50 anos de vida, os astrônomos conseguiram um resultado surpreendente para o entendimento da história da galáxia de Andrômeda e também da nossa própria galáxia.
A pesquisa vai continuar na galáxia de Andrômeda, os pesquisadores agora querem explorar estrelas mais distantes da M31 para revelar mais sobre a história da imigração galáctica e tentar mostrar também detalhes sem precedentes sobre toda essa história.
Fonte:
https://noirlab.edu/public/news/noirlab2304/
Muito bem queridos ouvintes, esse foi mais um episódio do podcast Horizonte de Eventos para vocês.
Espero que tenham gostado, e como podcast não tem moinha, conto com o compartilhamento de vocês, enviando para os amigos, para o grupo da família e para todos de suas redes sociais.
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Vou deixar no post desse episódio todos os links para as fontes das notícias, além de imagens, para complementar o entendimento de todos.
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No mais, muito obrigado pela paciência, pela atenção e pelo tempo dedicado a ouvir um pouco a voz da ciência.
Um grande abraço a todos, ad astra, et ultra!!!